domingo, 27 de dezembro de 2015

O diário de Connor

21, Setembro, 2015
    Hoje no colégio, fui novamente perturbado. Talvez eu deva ser tão estranho que começo a ser indesejado naquele ambiente. Por que será? O que acontece com essa espécie para tentar expulsar os que são diferentes, dessa sua ordem chamada "sociedade"?
    Sou uma ameaça?
    Sou um monstro? Uma aberração?
    Sinceramente, eu já não sei mais.
    Mas ainda deve haver esperança de algum forma. Quem sabe amanhã eles me vejam como um ser humano comum, igual a eles? Não aguento mais ser diferente assim, quero ser igual. Assim, talvez, eles possam me aceitar.
    Amanhã será um novo dia, e nesse novo dia vou tentar agir como os outros e fazer amigos.
22, Setembro, 2015
    Eu tentei.
    Eu tentei fazer amigos e agir como alguém normal. Tentei fazer amigos.
    Quando cumprimentei um grupo de garotos da minha idade, eles riram da minha cara e derrubaram as minhas coisas novamente e logo depois me jogaram contra a parede. Dessa vez eu quase dei sorte. Eles teriam me deixado em paz se não tivessem visto o meu livro. Dessa vez a culpa foi minha, por que raios levei meu livro para o colégio?
    O líder pegou o livro e leu em voz alta algumas linhas. Isso poderia não ser nada, porém, é um livro sobre um Serial Killer, onde ele conta as coisas que faz, e foi exatamente uma dessas cenas que ele leu. Todos os alunos que se juntaram em volta para ver riram de mim, me chamando de louco e demente. Levei quatro chutes no abdômen antes do diretor aparecer.
    As fracas chamas de esperança que estavam acesas até eu os cumprimentar; foi congelada. Eu não acredito mais na recuperação da raça humana. Eu não sei mais o que é a esperança.
23, Setembro, 2015
    Hoje quase perdi a hora do colégio. Quando cheguei na porta da minha sala preparei meu psicológico para a longa manhã que teria. Durante todas as aulas antes do intervalo, fui alvo de borrachas e bolas de papel. Eu sempre fui inteligente, mas na prova surpresa de hoje fui mal. E esse foi mais um motivo para rirem a acabarem com meu almoço. Durante as últimas três aulas, zoaram ainda mais comigo por causa da prova.
    Eu os odeio.
    Eu odeio suas risadas.
    E eu detesto quando riem de mim.
24, Setembro, 2015
    Hoje eu acordei mais cedo do que normalmente. Já sabia que iriam mexer comigo novamente. Isso acontece a tanto tempo que já é previsível.
    Mas já estou cansado de pagar de nerd molenga. Eu decidi tirar a máscara.
    Cheguei no colégio um pouco mais cedo. Mostrei como realmente sou, fui usando uma camiseta preta escrito "Tortured" em vermelho, jaqueta de couro preta, calça camuflada do exército e botas pretas. Também resolvi tirar a lente castanha do meu olho direito, deixando a mostra a verdadeira cor dele: vermelho brilhante. Eu já nasci com essa anomalia, meu olho direito é brilhante mas sempre escondi usando lente.
    Eu me sentei em um lugar no fundo da sala, sei que não era meu lugar mas fiz mesmo assim.
    O líder daquele grupinho maldito, veio até mim querendo se sentar em seu lugar e veio acompanhado dos seguidores cachorrinhos.
    Ele zoou comigo, todos da sala riram da piada, eu permaneci neutro. Não estava ligando, mas quando ele tocou meu ombro para me encher o saco, eu segurei seu pulso com força e mandei um olhar frio. Os outros zoaram meu olho quando notaram, porém, o líder não ria, ele me olhava com... Bem, uma expressão que não conheço muito bem, talvez seja o que chamam de... medo?
   Bem, não importa, o importante foi que desloquei o pulso dele, o fiz gritar como uma garota, todos se assustaram com aquilo e não fizeram nada, terminei de quebrar o pulso dele e pisei com tanta força em seu rosto que seu nariz afundou lindamente e ele berrou de dor, sangue jorrava do seu nariz.
    Eu nunca senti tanta vontade de rir na vida. Nunca tive tanto prazer. E o mais legal foram as expressões dos outros alunos: terror. Era o que eu via.  O grupinho infernal estava bem pior.
    Quando o diretor chegou me gritando, eu sorri na direção daqueles garotos e, de propósito, chutei o outro que estava no chão na altura do estômago e saí sorrindo como nunca.
    No final levei uma suspensão de duas semanas pelo o que fiz. Não estou nem aí com isso. Afinal vai me ajudar com meu objetivo.
    A missão para o fim do meu tormento está quase no fim.
25, Setembro, 2015
    Agora são duas da madrugada.
    Hoje mais cedo, fiz uma visitinha àquele grupinho infernal. Tive a sorte de encontra-los todos juntos em um galpão escuro e sujo, eles estavam infernizando pobres cachorros, que nada fizeram à eles.
    Eu nunca fiquei tão furioso.
    Mas agora tudo está bem.
    Depois deles, fui ao hospital fazer uma visitinha ao "líder".
    Eles nunca mais iram perturbar alguém.